terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Oposição é povo nas ruas

Apóio os movimentos sociais que irão às ruas no dia 26 e a pauta que definiram juntos, ao contrário de alguns jornalistas e figuras políticas que afirmam que a Lava Jato não está correndo riscos. Um deles é Reinaldo Azevedo, aquele que chama de estúpidos e impensantes os que não concordam com ele, mas não darei muita corda para um jornalista destemperado que demite seus colegas de profissão - ou ele(a) ou eu! -, cujo programa na Jovem Pan continua em queda livre.

Sim, a Lava Jato corre sérios riscos e só os desinformados ou comprometidos com o poder não veem ou não querem ver, alegando teoria conspiratória e falando em nome da governabilidade e estabilidade econômica, curiosamente os mesmos argumentos utilizados há menos de um ano pela esquerda que criticavam. Só não usam a palavra golpe, mas sofismam com as mesmas argumentações.

Existem dezenas de motivos para que desconfiemos das palavras de Temer. O PMDB apoiou o PT durante 13 anos; escolha de ministros suspeitos; Congresso tentando aprovação de anistia; Lobão escolhido para presidir a CCJ e por aí vai. E isso tudo sem falar da apatia (pra não dizer outra coisa) da PGR e do STF que nos daria outras dezenas de motivos, além das eleições recentes para a presidência da Câmara e do Senado. Qual teria sido a plataforma defendida por Maia e Eunício que lhes garantiram tantos votos nas duas casas, inclusive - pasmem - do próprio PT? Não... não é teoria da conspiração, mas sim o realismo da constatação.

MBL, Vem pra Rua e outros estão certos. Há um indisfarçável conluio corporativista no Congresso. Ficamos 14 anos sem oposição nos representando e agora estamos sozinhos mais do que nunca. Ou acreditam que o PT e o PSOL possam nos representar? O PSOL ainda faz uma certa oposição, mas é um partido nanico de esquerda e já estamos cansados de ver partidos como esses abandonarem seus estatutos e programas depois de ganharem notoriedade. Já o PT, até as pedras sabem porque se opõe ao governo Temer, mesmo sendo farinha do mesmo saco.

Sobre a pauta definida pelos grupos, não concordo com algumas reivindicações que nada têm a ver com o apoio á Lava Jato, mas esta é uma outra discussão que se alongaria demais e respeito a opinião de quem pensa o contrário. Fica portanto o apoio à Lava Jato como ponto principal dessa mobilização do dia 26.

Encerro com duas frases de dois filósofos políticos que justificam esta minha posição.

  • "O que é a honestidade senão o medo da prisão?" (Carlo Dossi)
  • " Nenhum governo pode ser sólido por muito tempo se não tiver uma oposição temível." (Benjamin Disraeli)

E a única oposição confiável hoje é povo nas ruas.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Somos governados por uma junta civil "constitucional"

A situação brasileira é grave, mas muitos ainda não se aperceberam disso. Não é difícil notar que alta cúpula dos três poderes já se reuniu e definiu o rito de retomada (do poder, lógico!), à despeito do que desejamos e até do que a lei explicita. Na verdade sempre fomos marionetes da chamada "democracia", variando apenas o número de cordéis da cruzeta que nos manipula. Enquanto houver poder pelo poder não existirá harmonia entre liberdade e justiça, por mais democrática que seja uma constituição. Sim, há um forte antagonismo nisso tudo. Um emaranhado de coerências e incoerências que se confundem, muitas vezes propositadamente. "O poder está podre!", todos gritam, entre eles os próprios podres desesperados tentando confundir incautos e ingênuos. E com isso esses podres conseguem fazer subir a média de 1 pra 5 numa escala de 10, todos do mesmo saco.

O corporativismo sempre nos incomoda, mas o pior deles é o dos três poderes, o ápice de todos os corporativismos. Isto acontece quando todos estão irremediavelmente comprometidos uns com os outros e resolvem unir-se usando a salvação das instituições e da democracia como pano de fundo, escondendo a podridão que rola nas coxias desse teatro de horrores.

O que nos salva desse teatro é a realidade escancarada pela liberdade de expressão e a determinação de alguns poucos que ainda resistem, não importando se o fazem por conveniência, sensibilidade ou por retidão moral, pois, afinal, o que nos interessa são as suas revelações.

A presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, foi a escolhida (ou forçada) por TODOS - podres e não podres - para resolver esse embróglio, já que a política já estava - e está - irreversivelmente judicializada. A indicação do ministro Fachin para a segunda turma era caçapa cantada, assim como o "sorteio" que o oficializou como "o boi das piranhas" também o foi. Um ser razoavelmente pensante jamais poderia acreditar nessa farsa montada em conluio.

Os presidentes eleito e a ser eleito no senado e na câmara, respectivamente, são a maior demonstração de que o país se livrou de uma quadrilha e foi entregue a outra. E não poderia ser diferente! Os que um dia apoiaram ladrões não poderiam ser muito diferentes deles. Mas ninguém pode negar que evoluímos. De quarenta ladrões passamos para setenta e poucos. Bem, isso meio por baixo.

Sobre a Lava Jato e a eventual tentativa de abafá-la, coisa que pode estar rolando na escuridão das coxias, como disse o jogador Garrincha para o técnico Feola na copa de 58: "Tá legal, seu Feola, mas o senhor já combinou tudo isso com os russos?"

E os russos, nesse caso, somos nós. Mas livres de Stalin.