terça-feira, 4 de novembro de 2014

Nossa frágil democracia

No país do futebol, contestar o sistema de urnas eletrônicas e reclamar legalmente das eventuais irregularidades dos correios de Minas é não saber perder? Tem a ver com espírito esportivo? Constituição contra processo eleitoral é por acaso algum jogo? Que raio de democracia frágil é esta que não suporta uma contestação permitida por lei?

E hoje o Corregedor-geral da Justiça Eleitoral disse que o pedido do PSDB é incabível e tem potencial para arranhar a imagem do país. A imagem do Brasil nesses últimos doze anos não foi só arranhada como aviltada e quebrada com fratura exposta diante de tantos roubos e absurdos não investigados ou ainda trancados nas gavetas das procuradorias, dos tribunais e da Polícia Federal. Volto a dizer: tudo certo com as urnas e com o sistema? Qual o problema então? O que arranha a imagem do Brasil é o pedido do PSDB ou a negativa do TSE de auditar as possíveis irregularidades? A Constituição não permite?

Se o Brasil não era um país sério, segundo o embaixador brasileiro Carlos Alves de Souza (não foi De Gaulle) em 1962, simplesmente por causa da ridícula Guerra da Lagosta, imagine hoje, 52 anos depois, diante de tanta roubalheira impune patrocinada pelo governo do próprio país?

Às vezes eu fico em dúvida se esses caras REALMENTE não perceberam que não há mais como esconder as vergonhas e desgraças institucionais do Brasil. Se o processo eleitoral correu bem e foi legal, por que esse medo de investigá-lo? O PT certamente recorreria à justiça se a diferença fosse a favor de Aécio. Ah se recorreria! Vocês ainda têm dúvidas disso? E será que o TSE comandado por Toffoli rejeitaria o pedido do partido de seu coração?

Como escreveu Saramago (socialista, por sinal), "O grande problema do nosso sistema democrático é que permite fazer coisas nada democráticas democraticamente."

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