sexta-feira, 5 de julho de 2013

PMDB - tragicômico ou melancólico?

Quem leu a história do PMDB jamais imaginaria um fim tão melancólico para um partido que abrigou políticos da estatura de Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro, Teotônio Vilela entre outros. Em seu site, o PMDB fala sobre os seus 47 anos de glória, quando na verdade deveria resumi-la em apenas 14 anos (1980-1994), excluindo o período Sarney e terminando com Itamar Franco em substituição a Fernando Collor. Com um pouco de esforço podemos incluir os melhores 14 anos dessa história, os do antigo MDB (1966-1980), totalizando, no máximo, 28 anos - aí sim - de uma história que vale a pena ser contada e registrada.

De Itamar Franco - que assumiu após o impeachment de Collor - para cá, o PMDB passou de protagonista a coadjuvante, optando pelo confortável e rentável subpoder. Podemos louvar o ex-presidente Itamar Franco e seu ministro FHC pelo fim do ciclo de inflação galopante que chegou a atingir a incrível marca de 2000% em 1989, mas de Itamar para cá, o maior partido do Brasil optou morar nos cômodos  - e cabe o duplo sentido - porões do Palácio do Planalto, sem telhado de vidro. Apoiou Fernando Henrique Cardoso em 1994 com seu vice Marco Maciel e permanece até hoje escondido na vice-presidência, detentor dos ministérios e cargos de terceiro escalão mais importantes. É o grande viabilizador deste governo que está ai com 80 deputados (23% da base), 42 senadores (46% da base), além de ser o partido com mais prefeitos eleitos do país (1024 municípios). Com tudo isso, para que ele iria se expor indicando candidato à presidência da república?

No governo PT, o PMDB está conseguindo se superar e não seria necessário ser um profeta ou um gênio da análise política para saber que o PMDB iria se queimar nesse seu ritual macabro de acender uma vela pra Deus e outra pro diabo. Será que o PMDB nunca imaginou que entre essas duas velas ele estaria abrindo ruas e avenidas pra que o povo desfilasse?

E agora, as desencontradas opiniões do PMDB sobre o plebiscito estão contribuindo pra sua melancólica apoteose, desfilando na contra-mão da avenida das ideologias, sob a chuva dos papéis picados de seu estatuto partidário que em seu Artigo 2º diz:
"O PMDB exerce suas atividades políticas visando à realização dos objetivos programáticos que se destinam à construção de uma Nação soberana e à consolidação de um regime democrático, pluralista e socialmente justo, onde a riqueza criada seja instrumento de bem-estar de todos."
Ainda há tempo! Tempo para mudar e continuar representando dignamente aquele partido que se opôs à ditadura e que abrigou políticos ilustres. Que mobilizou milhões de brasileiros em ruas e praças gritando "Diretas Já", resgatando-lhes a autoestima de povo livre, boa índole e pacífico, consciente dos seus direitos de cidadãos. Direitos estes que não podem ser concedidos e muito menos negados, pois, não se dá e nem se nega o que não é e nunca foi seu.

Se você é político ou filiado do PMDB e quiser rever a história de seu partido, clique aqui. E depois diga, sinceramente, se o partido é hoje o que diz nunca ter deixado de ser.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contra-argumente ou concorde, não importa. O importante é exercitar a nossa reflexão.