sábado, 4 de maio de 2013

Sonho: realizar é não realizar.


Escreveu Victor Hugo em "Os Miseráveis" que "Julgar-se-ia bem mais corretamente um homem por aquilo que ele sonha do que por aquilo que ele pensa.”

O sonho vem da essência pura do homem, impulsionando-o a conquistar o que ele imagina ser felicidade. Normalmente esse sonho é simples e objetivo, mas vai ganhando complexidade à medida que começa a ser questionado pelo próprio idealizador, submetendo a ideia original a determinados valores adquiridos muito tempo depois desse sonho ter sido criado. E aos poucos o homem vai se afastando do sonho concebido, criando barreiras que o impedem de realizá-lo.

Li um artigo da professora Monique Faure onde num trecho ela diz: "Como ratinhos colocados dentro de um labirinto, somos caminhantes no mundo, não para achar o final dele, mas para sermos testados na capacidade de formular perguntas validas a desenvolver uma boa metodologia para percorrê-lo."

Mas qual a medida certa? Passaremos a vida inteira questionando nosso sonho porque esta é nossa missão evolutiva? Ou podemos realizar parte dele para podermos respirar, sendo menos exigentes com esse sonho e com nós mesmos? Podemos retomar os questionamentos num outro momento do nosso aprendizado?

Na verdade, os pensamentos não revelam o ser humano que existe por trás deles ou a verdadeira essência de sua alma. Vez ou outra, ele tem que resgatar seu sonho original para poder agir e realizar parte dele através de sua intuição. Só a ação realiza e elimina boa parte dos questionamentos transformando-os em certezas. Em seguida, voltamos a esquecê-lo e virão novamente as perguntas ainda não respondidas para que o sonho se estabeleça racionalmente, sem no entanto realizá-lo integralmente. Como no paradoxo de Fernando Pessoa: "Para realizar um sonho é preciso esquecê-lo, distrair dele a atenção. Por isso realizar é não realizar."

Portanto, não passe a vida inteira questionando sem parar para respirar. Volte atrás se preciso for, refaça as pausas perdidas e os momentos de alegria que foram suprimidos pelo excesso de questionamentos.

Realize, mesmo sem realizar!

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