quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Escolher é excluir

Quem se esconde, seja pelo motivo que for - inclusive para preservar sua integridade física - é obrigado a esconder-se também de si mesmo. A realidade não contorna fatos, mas apenas os revela. Como não há esconderijo capaz de esconder-nos emocionalmente de algo ou de alguém, sempre perderemos um pouco ou muito de nós mesmos. Estaremos protegidos temporariamente de uma ameaça real, mas completamente entregues à razão e aos pensamentos, impotentes para decidir sem os referenciais gerados pela convivência plena.

Ao nos privarmos dos relacionamentos do cotidiano, estamos interrompendo ou reduzindo drasticamente as oportunidades que nos são concedidas pela lei da ação e reação, desacelerando o aprendizado e, consequentemente, o nosso processo evolutivo. Ao contrário do que muitos imaginam, a ação e reação não se limita ao dualismo do bom e ruim ou das realidades opostas. O bom e o ruim não são absolutos, mas o aprendizado o é, dentro do seu próprio conceito.

O escritor John Tolkien diz que "aquilo que nós mesmos escolhemos é muito pouco: a vida e as circunstâncias fazem quase tudo." Dentro desse pensamento, se escondidos estaremos reféns de circunstâncias únicas, portanto, limitados em nosso crescimento. Este crescimento não se resume ao espiritual, mas também ao emocional e a todos os outros sentidos da vida.

Já o filósofo Henri Bergson diz que "escolher é excluir". Este pensamento é uma verdade, pois, ao escolhermos deixamos de experimentar o que foi excluído, mas muitas vezes essas exclusões podem ser momentâneas ou aparentes. Isto porque nossos sonhos e esperanças escondem muitas verdades que seriam notadas se fôssemos mais pragmáticos em nossas escolhas, mas há um paradoxo entre o sonho, a esperança e o pragmatismo. Ninguém escolheria viver sem sonhos e sem esperanças.

Enfim, a liberdade ainda é o maior presente do ser humano, mas ela nunca será plena. A plenitude está no viver plenamente as nossas escolhas. Escolhas estas que sempre permitirão reavaliações e re-escolhas. Tudo dependerá do que entendemos por felicidade e do que vale a pena fazer em nome dela.

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