segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Uma visão "indefinitiva" sobre a vida e a morte

O importante são as marcas
que deixamos no caminho
Uma das histórias que se repetem indiscriminadamente para todos os seres viventes é a morte. No entanto, se pensarmos bem, é mais certa a morte física do que o nascimento porque podemos ser impedidos de nascer, seja pelos métodos contraceptivos ou pelo ato extremo do aborto. Ninguém gosta de escrever sobre a morte porque este é um assunto normalmente tratado quando se está frente à frente com ela numa situação que force pensar nessa possibilidade, seja pela perda de um parente ou amigo ou diante de doença irreversível.  Mesmo quando um parente ou amigo morre, a reflexão sobre o fato dura apenas alguns momentos ou determinado período. Depois disso sentimos saudades, mas normalmente nossos flashes de lembranças sobre o ocorrido são reprimidos.

As religiões tentam em vão preparar suas ovelhas para esses momentos, mas seus dogmas se limitam a vender um pacote de esperanças no qual a fé nas palavras - normalmente mal interpretadas - de seus profetas é condição obrigatória. Nem vou entrar nos detalhes das contrapartidas exigidas por essas religiões de seus fiéis, na maioria dos casos, conflitantes com suas pregações e filosofias. Que as reflexões sobre esse tema sejam realisticamente encaradas por seus seguidores, sem no entanto deixar de lado a busca por suas próprias verdades.

Os ateus e agnósticos - com algumas variações entre eles - também têm seus problemas existenciais e dúvidas sobre o assunto, pois, da mesma forma como não se pode afirmar a existência de Deus, também não a sua inexistência. O que vemos são apenas argumentações e contra-argumentações nesse campo do desconhecido. O fato de negarem a existência de Deus não os livra dessa reflexão, mas apenas a posterga, pois, a negação e o ceticismo são, de um jeito ou de outro, uma forma de concentrar sua lógica em probabilidades. E probabilidades, mesmo que denotem uma visão mais científica não são certezas, mas apenas probabilidades.

Algumas filosofias pregam ser tudo uma ilusão, ou seja, que vivemos num mundo fenomênico em que nem a existência de fatos pode ser confirmada, apresentando-se cercada de incertezas e projeções da mente. Da pra "pirar" refletir sobre isto!

Em resumo, no fundo todos somos situacionalmente - mesmo que por alguns segundos - crentes, descrentes, ateus e agnósticos e, entre a vida e a morte, temos consciência apenas da vida e nos concentramos nela. Recheada ou não de ilusões e incertezas, quantos amigos e parentes já se foram e mantemos suas realizações e lembranças eternamente em nossos corações?

Não importa se existe um Deus com dedo em riste ou representado por uma energia amórfica; se existem santos, mestres, deuses ou figuras mitológicas. Existe uma vida ou um resto de vida ternária para ser vivida enquanto encarnados e ela será fruto de recordações para nossos filhos, cônjuges, parentes, amigos e até para inimigos, mesmo aqueles para os quais jamais percebemos que um dia o fomos.

Como escreveu Fernando Sabino:

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis"


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