quinta-feira, 7 de junho de 2012

Cumplicidade e Amizade.

Tomar partido do amigo diante de uma desavença dele com outra pessoa é fácil. O difícil é compreender o fato com isenção porque normalmente confundimos cumplicidade com lealdade. Cumplicidade com o amigo e lealdade com nossos próprios princípios éticos que orientam nossos julgamentos.

Sim... julgamento! E não me venham com essa de dizer que não devemos julgar, pois, fazemos isso o tempo todo. Refiro-me a julgar situações e não apenas pessoas. Sem julgar fatos e situações, passaríamos a vida toda aceitando ou sendo indeferentes aos acontecimentos que presenciamos, o que nos impediria de formar nossas próprias opiniões e criar nossa ordem de valores. E é muito difícil não incluir pessoas envolvidas nos fatos que julgamos, principalmente quando elas são parte das nossas vidas. Se não as incuíssemos, como decidiríamos romper um relacionamento de amor ou amizade que não está nos fazendo bem? Sempre por imcompatibilidade de gênios? Não... existem imcompatibilidades de valores!

Mas o tema deste post é cumplicidade e vamos retomá-lo. Se o termo cúmplice existe também para ladrões e assassinos, logo, a cumplicidade não pode ser considerada, por si só, como uma qualidade. Situações que envolvem cobranças implícitas ou explícitas de cumplicidade por parte de um amigo devem passar pelo nosso julgamento antes do apoio incondicional a ele. Se isto não acontecer não o estaremos ajudando, mas apenas reforçando um provável erro e eliminando a oportunidade de crescimento desse amigo, deixando-o mais cego ainda diante de uma outra possível verdade. Vale a pena ser cúmplice apenas para ficar bem na fita?

No entanto, devemos acolher o amigo e procurar entendê-lo, independentemente do nosso julgamento. Isso se chama compaixão que, diferentemente do conceito simplista de "dó" (ou pena) que muitas religiões pregam ser, é brilhantemente definida por Dalai Lama:
"Outras pessoas, assim como eu, buscam a felicidade, não o sofrimento e, mesmo se forem inimigos, têm o direito de superar esse sofrimento. A partir da compreensão de que eles têm esse direito, desenvolve-se um sentimento de inquietação que é a verdadeira compaixão."
Portanto, antes de ser cúmplice de um amigo, seja apenas AMIGO!

APENAS, disse eu?

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