terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Melhor a imprensa, mesmo imperfeita

UOL - 20/12/2011: "Na manhã desta terça-feira (20), mais de 50 militares entraram na sede da empresa acompanhados por funcionários do judiciário e por jornalistas de um programa da TV estatal argentina"

Quando uma determinação da justiça é cumprida em um país livre e democrático, não se deve questionar. Como diz o antigo bordão, "Decisão da justiça não se discute, cumpre-se!". Por outro lado existe o contraponto da frase de Clarice Lispector que diz: "os fatos são sonoros; o que importa são os silêncios por trás deles"

E nos fatos que envolvem política e militarismo, os "silêncios" importam mais ainda. Oras... se a decisão foi judicial, por que foram acionados militares e não a polícia para cumprimento/execução da decisão? Não tenho a menor idéia se na Argentina é diferente, mas mesmo que a lei permita ou até exija, é um procedimento no mínimo esdrúxulo dentro do conceito universal em relação às finalidades das Forças Armadas de um país.

E esse é um dos silêncios mencionados na frase de Lispector e que devem ser trazidos ao som e à luz da verdade. A tentativa insistente de regionalizar para a América Latina a manjada cartilha socialista tupiniquim cubana/chavista traz como estratégia primordial a de calar a imprensa. E embora explicar seja chover no molhado, recorro à outra frase da brilhante Clarice de que "o óbvio é a verdade mais difícil de se enxergar" para justificar a redundância da explicação a seguir.

Nesses governos nos quais incluo o do Brasil do PT, existe o plano de se eternizarem no poder, utilizando essa justificativa furada e de intenções veladas de que somos povos ignorantes e precisamos ser tutelados ao invés de governados. Essa desculpa ideológica já utilizada pela Rússia no tempo da União Soviética, serve para convencer os fundamentalistas mais resistentes de que a tutela visa reduzir as diferenças sociais por meio da estatização, mas que na verdade, criará e corporativizará oligarquias políticas nos três poderes dessas republiquetas.

Já está mais do que provado que os chamados poderes centrais transformam-se em politburos (antiga URSS) e realmente removem as diferenças sociais, mas com uma fórmula mais aritmética do que matemática porque utilizam apenas as quatro operações: subtraem dos que já têm pouco e dividem com os que não têm nada; multiplicam seus poderes políticos e somam suas riquezas e privilégios. Resumem um país em apenas duas classes sociais: na dos miseráveis votantes e na dos privilegiados poderosos. E esses poderosos se reproduzem apenas entre eles mesmos, formando uma grande família. É o despotismo mascarado de democracia.

Voltando então à imprensa, para os poderosos ela precisa ser controlada por representar um grande risco a essas pretensões, já que as verdades - ou mentiras que busquem verdades - certamente denunciarão os esquemas previamente montados por esses tutores que se escondem sob o véu da magnanimidade e do humanismo dissimulados. Não é por acaso que Napoleão Bonaparte disse: "Tenho mais medo de três jornais do que de cem baionetas"

E a imprensa? É boazinha, humanista e magnânima? Definitivamente não! Assim como salvou países da ditadura e derrubou um presidente do país mais democrático do mundo (Nixon), também promoveu derrubada de governos democraticamente eleitos como o do Chile de Salvador Allende. No entanto, na época não havia diversidade nos veículos de comunicação e nem a Rede Mundial (Internet). Dos males aos que estamos expostos, a imprensa - desde que livre - nos é mais benéfica que prejudicial e nos dá o direito de escolher diversas linhas editoriais, diferente da chamada imprensa oficial que é governamental, narrativa, parcial e não investigativa.

Eu entendo ser necessária a regulamentação da imprensa para evitar o domínio dos grandes veículos de comunicação e dar oportunidade para os pequenos, da mesma forma como se deve evitar o monopólio de produtos e serviços. Temos apenas de ficar atentos para que a lei regulamentadora não funcione como pano de fundo para restringir a liberdade de imprensa e também evitar que fatoss como este da Argentina aconteçam também no Brasil.

Selecionei três matérias do Observatório da Imprensa com opiniões sobre a lei de regulamentação. São visões diferentes:



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